Eu não acho mais graça nenhuma nesse ruído constante
Que fazem as falas das pessoas falando, cochichando e reclamando
Que eles querem mesmo é reclamar
Como uma risada na minha orelha, ou como uma abelha, ou qualquer outra coisa pentelha
Sobre as vidas alheias, ou como elas são feias
Ou como estão cheias de tanto esconderem segredos
Que todo mundo já sabe, ou se não sabe desconfia
Eu não vou mais ficar ouvindo distraido eles falarem deles e do que eles fariam se fosse com eles
E o que eles não fazem de jeito nenhum, como se interessasse a qualquer um
Eles são: As pessoas. As pessoas todas, fora os mudos
Se eles querem falar de mim, de nós, de nós dois
Falem longe da minha janela, por favor, se for para falar do meu amor
Eu agora só escuto rádio, vitrola, gravador
Campainha, telefone, secretária eletrônica eu não ouço nunca mais, pelo menos por enquanto
Quem quiser papo comigo tem que calar a boca enquanto eu fecho o bico
E estamos conversados