Eu não penso como tu
Eu não como do teu prato
Mal a dança chega a meio
O teu corpo fica fraco
Eu não fui nunca esconder
Três anzóis atrás do morro
Pr'a pescar uma sereia
Que pedia socorro
Eu não penso como tu
Não sou pinto de aviário
Que opina com quatro dentes
E foge ao confessionário
Eu não ando para roubar
Ovas cruas de lampreia
Arribada à foz do Lima
Onde o cardume escasseia
E agora venha o vira da cidade
Armado da sandália até aos dentes
É que a vida, óai
Tem mais vida, óai, óai
Com batida, óai
E olha não sei, olha não sei
Olha não sei, não sei, não sei não
Se é pior andar em vidro
Ou só ir pr'onde outros vão
Eu não penso como tu
Eu não dou pra teu catraio
Vá, afina essa rasteira
Verás que eu nunca caio
Cem exércitos quiseram
Roubar a jóia do reino
Já noventa soçobraram
E dez seguem o treino
E agora venha o vira da cidade
Armado da sandália até aos dentes
É que a vida, óai
Tem mais vida, óai, óai
Com batida, óai
E olha não sei, olha não sei
Olha não sei, não sei, não sei não
Se é pior andar em vidro
Ou só ir pr'onde outros vão