[Verso 1]
Cantei ao vento norte
Para a avalanche te dar direcção
Tu que falas de sorte, agora
Que já te falta coração
Deixaste a mocidade à espera
Fumo a desaparecer
E só voltou a primavera
P'ra trabalhar até morrer
[Refrão]
Canta, voz, canta
Dá-me uma esperança nesta cidade
Se o medo já se alevanta
Canta de amor e verdade
[Verso 2]
Lisboa, chora agora
Não há filho teu que não te venda
Fazem de ti boneca, à espera
Que no fim ainda tenhas remenda
Perdeste a graça a ver caminho
Passou-te a carruagem
Não fosse o olhar do menino
Pronto a seguir tua viagem
Gastavas a flor do tempo
Na nossa velha maldade
Irónico o teu lamento
Que já não presta nesta idade
Fui moço, já sou homem
Deu tédio aprender
Vesti, pior cantei, pior foi
E agora não venhas saber
Se este amor é que me dá fé
Se é verdade ou não é
Sem comparar já se alavanta
E a cantar morre de pé, vai e
[Refrão]
Canta, voz, canta
Dá-me uma esperança nesta cidade
Se o medo já se alevanta
Canta de amor e verdade
Se me foge o pé à dança
Faço uma trança no teu cabelo
Amor, és Penha de França
Isso não dá para parecê-lo