Anda eufórica toda a gente
Com a era da informação
Fechada em casa, ligada à rede
Ou grudada à teelvisão
Na vertigem das notícias
Em constante circulação
Sempre mais e mais depressa
Tornou-se a grande obsessão
"É a aldeia global!"
Explicam num júbilo imbecil
Prontos a desfilar o rosário de maravilhas dos novos tempos
Sem discernirem que aldeia sempre foi o sinónimo de isolamento e conformismo
De mesquinhez, aborrecimento e mexerico
E que, de qualquer modo, o que verdadeiramente importa se mantém secreto
Do além-mar ou da mafia
Julgam que tudo se pode saber
Economia ou política?
O difícil é o escolher
Crimes de sangue, relatos de amor
São mais fáceis de perceber
"É a aldeia global!"
Explicam num júbilo imbecil
Prontos a desfilar o rosário de últimos acontecimentos
Sem discernirem que, contrariamente ao mundo observado diretamente
Em que a relação com o real é absoluta
Estão a consumir meros resumos simplificados de realidade
Manipulados num fluxo de imagens
De que são simples espectadores
E cuja escolha, cadência e direção não controlam, nem têm possibilidade de verificar a veracidade
E em que, finalmente, no frenesim meticulosamente planeado de dados surpreendentes
O que verdadeiramente importa se mantém secreto!
O que importa
É saber
Onde raio se oculta o poder