Coro: Fagman
PRIMEIRA ESTÂNCIA
A nossa vida começa quando a nossa mãe se vai
E depois descobrimos que também não temos pai
E a partir daí a dura realidade cai
Fora do nosso rosto onde o sorriso se subtrai
Entretanto abrimos a grande porta do mundo
Que causa-nos na alma ferimentos tão profundos
Porque a nossa vida se expõe a mãe natureza
Que nos obriga a digerir o triste pão da pobreza
E tudo tem princípio quando entramos pela escola
Onde aprendemos que a vida é 1 jogo e nós somos a bola
A história descreve que os nossos antepassados
Foram maltratados explorados e escravizados
Atormentados e torturados por alguns tipos
Que tratavam o nosso pobre povo como bicho
Enquanto o cristianismo de um modo não franco
Os abdicava desta crença porque Deus era branco
O que depois incutiu-lhes um complexo feroz
Causando o dogma que o branco era melhor do que nós
E esse mesmo complexo até hoje tortura
Todos os manos e manas que contêm a pele escura
SEGUNDA ESTÂNCIA
E o nosso panorama escurece com a cor perfeita
Quando descobrimos que o mundo nos rejeita
Não pelo o que fomos ↓ ou pelo o que somos
Mas sim pela cor que carregamos nos nossos corpos
Ligamos a televisão e vemos a figura ↓
Que o nosso povo representa de forma tão dura
Porque a midea encara a nossa gente como alvo
P´ra obter dinheiro, em telenovelas como escravo
“E quem é são os escravos?” são os mesmos coitados
Que durante a vida sempre apanharam de todos lados
E tudo o que obtém-se deste injusto processo
É a certeza que o mundo não quer o nosso progresso
E a nossa luz do túnel contem pouca luzência ↓
P´ra indicar-nos o caminho que transporta a essência
Que o nosso povo precisa contra este calibre
Que nos mantém dependentes e não nos deixa ser livre
Porque verdade seja dita mesmo que eu subjective
A dependência pelos outros ainda é o nosso declive
Por isso é que sempre que eles vêm nos socorrer
Primeiro cospem no prato, e depois nos dão de comer
TERCEIRA ESTÂNCIA
Eu, Não sou racista antes pelo contrário
Sou um artista realista cansado deste cenário
E não importa se tu gostas ou se não gostas
Mas as chibatadas dadas ainda me doem não costas
Hoje sofremos sem sabermos o que é que passa
Com a nossa raça que vive trancada na amargura
Porque fomos internados no hospital da desgraça
Onde a assistência médica nos envenena com a cura
Eu Choro... pelos angolanos e os africanos
Que emigraram p´ra o ocidente em busca de novos planos
Só lá ambientam-se entre mundos secretos
Porque na função pública não há espaço p´ra pretos
E se haver alguém que tem espaço na verdade
É porque o impuseram a trocar de nacionalidade
“Porque na realidade” as nuvens cintilantes
Irradiam um arco-íris, que não brilha p´ra emigrantes
É lhes proporcionado um sofrimento desmedido
Que os transforma em perdidos no desconhecido
Enquanto ouvem no ar uma banda sonora
Que solta as cordas vocais dizendo “negro vai-te embora”
CORO: A vida negra do negro não é algo p´ra tu sorrires
Preto é uma cor que não está no arco-íris
Se a bíblia tem as folhas brancas e uma capa preta
Eu tenho orgulho de ter essa cor que o mundo rejeita